segunda-feira, 4 de julho de 2011

Em Estado Puro


Às vezes esqueço-me que ela existiu, existe. Tão querida, tão sorridente, tão inocente...
Quem é ela? Quem foi ela? Onde vive agora?
Não morreste, não podes ter morrido...
Um sorriso puro, a alegria no cavalinho de brincar, o anel brilhante no dedo indicador. Tudo irradia.
Porque é que às vezes te perco? Porque é que às vezes não te oiço, me esqueço de te cuidar, fazendo de conta que não existes?
Eu sei, precisas que me lembre a cada instante de ti, precisas que te abrace, que te ame, proteja, te garanta que tudo está bem.
Precisas que preste atenção a tudo o que dizes, que brinque contigo.
Quando o meu mundo estiver a desmoronar, quando estiver terrivelmente assustada, triste, insegura, vou lembrar-me que estás com muito mais medo do que eu. No meio do meu caos vou lembrar-me que existes, que estás indefesa e vou cuidar de ti. Amar-te, sossegar-te, proteger-te. Protejo-te a ti, protejo-te a mim.
Porque tu és eu, eu sou tu.  
Vives bem sorridente e pequenina dentro daquilo que sou.
Porque todos temos a menina ou menino que fomos, bem vivos dentro de nós.
Nunca devemos deixar de a ouvir, cuidar, amar. 
É a nossa criança interior.


Pego-te ao colo e enrolas os teu bracinhos à volta do meu pescoço, muito feliz. Eu abraço-te muito, encho-te de beijos, aperto-te no meu peito, inspiro o perfume dos teus cabelos encaracolados. 
Que bom que é estarmos juntas, o teu sorriso, os teus olhos, iluminam-me.
Pouso-te no chão, damos a mão, e seguimos estrada fora, felizes e saltitantes, esvoaçando ao vento como borboletas.