segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A Multiplicidade de Eus

Dentro de nós existem muitas possibilidades de sermos. Sonhamos acordados com elas. Sentimos o quanto poderíamos ser. Revemo-nos em personagens. Aquilo que elas são, aquilo que poderíamos ser. Ás vezes vemos tão claramente que até dói. E ás vezes dói tanto...
À frente dos nossos olhos desdobra-se tudo o que queremos ser, e que somos por dentro. Mas não agimos, continuamos nada.
O lado irreverente que temos em nós e nunca mostramos, o lado criativo bloqueado, a loucura lúcida só dentro da nossa cabeça, os sonhos espremidos para dentro dos sacos lacrimais.
Tudo anestesiado pela doce rotina dos dias.
Até ao dia... Até que num dia... Tudo nos rebenta na cara... 
Uma palestra que ouvimos, uma frase que lemos, um anime a que assistimos, são o suficiente para abrir a brecha.
E vemos passar diante dos nossos olhos todas as possibilidades, todo o potencial que temos e não utilizamos, tudo o que somos e não revelamos.
Somos acometidos por uma terrível dor, pensamos, não estou a utilizar os meus dons, estou a matar-me.
Abrimos num choro que não queremos mais fechar. Só nos apetece cair no chão e chorar. Chorar no maior dos prantos, no maior dos lamentos, como se tivéssemos acabado de morrer e nos déssemos de conta que tudo desperdiçamos. Vemos tudo o que podíamos ter feito, ter sido...
A dor é a de estarmos mortos e apetece-nos chorar para toda a eternidade.
A dor de saber que é aquilo, é mesmo aquilo, mas que não chegamos lá...
É o mergulho no pranto da eternidade.
Mas ainda estamos vivos, temos o dever de mostrar quem somos. Temos de abrir a torneira, deitar abaixo todos os muros, e deixar de uma vez por todas que a loucura nos tome por completo. Sem medos. 
Para que não choremos por toda a eternidade....

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